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Valorização do policial

Por Adriana Accorsi*
O trabalho policial tem características muito próprias de quem lida com os extremos, com a linha tênue entre o lícito e o ilícito, o certo e o errado. Numa sociedade cada vez mais complexa, o trabalho policial torna-se imprescindível e para se tornar um policial, é preciso que os profissionais se habilitem, se preparem.

Trinta anos transcorridos da abertura política em nosso País, é fato que a sociedade está cada vez mais consciente de seus direitos; também o perfil do policial é outro: a truculência deu lugar à investigação científica; o valentão, quase capataz, deu lugar à formação acadêmica. A figura do delegado calça curta, do inspetor instituído por portaria, desapareceu. Para ser policial hoje é preciso formação.

Para concorrer a uma vaga em concurso público, o postulante a policial deve ter curso superior. Aprovado, ele passa por uma formação mínima que prevê, entre outros, conteúdos na área do direito constitucional, direito e processo penal, preparação psicológica, física e aulas de tiro e armamento. Só então poderá ser efetivado como policial, na função que ele escolheu.

E como hoje tudo e todos estão sob a mira de câmeras de monitoramento, o trabalho policial, mais do que nunca, precisa de formação continuada, baseada no conhecimento científico e tecnológico. Não pode ser coisa para amadores.

Recentemente visitando a Coreia do Sul, a convite do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tivemos a oportunidade de conhecer as cidades inteligentes. São cidades extremamente avançadas do ponto de vista cultural e tecnológico, que têm seu espaço público todo monitorado por uma grande central de videomonitoramento, criada para gerenciar o dia a dia das cidades no que diz respeito a segurança pública, ao trânsito e também aos acidentes naturais, como terremotos, tufões, maremotos, comuns naquele lado do mundo, o que aqui se equipararia ao monitoramento das áreas de risco em período chuvoso. Essa estrutura funciona a partir de um trabalho multidisciplinar. Os policiais fazem parte desse trabalho, com formação que lhes possibilita ter uma visão macro dos problemas que possam surgir e consequentemente, ter mecanismos para saber resolvê-los. Diante de tantas transformações sociais, do processo de redemocratização, e apesar dos avanços tecnológicos, o fenômeno da violência persiste, e é algo que desafia a nós, gestores públicos. Estudiosos apontam as desigualdades sociais como um dos fatores para este fenômeno, outros apontam a impunidade, outros falam da incompetência das autoridades da área para enfrentar o problema. Qualquer que seja o fator, nenhuma autoridade deve ignorar o policial como fundamental na busca de soluções para os problemas da segurança pública. Sem valorizar seu trabalho, não conseguiremos um trabalho de excelência.

* Adriana Accorsi, delegada, é secretária Municipal de Defesa Social

Fonte: Jornal O Popular

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