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Uma vida construída na Polícia Civil

Por Marcos Martins Machado*
Construí minha vida dentro da Polícia Civil de Goiás. Ainda muito pequeno, ingressei na instituição para realizar serviços burocráticos na base do leva e traz de papéis entre uma mesa e outra e de um chefe a outro. O tempo foi passando e o garoto simples do Criméia Leste, filho de policial civil, foi aprendendo que o trabalho era uma fonte cada vez mais rica e nobre na busca da satisfação profissional. Era um orgulhoso office-boy, sempre pronto para cumprir a missão designada. Foi exatamente no leva e trás de papéis que dei meus primeiros passos, sonhando uma dia ser um policial civil. Meus olhos não conseguiam enxergar além disso e meu pai era meu espelho.
O tempo foi passando, mas eu não esperava passar sem que eu deixasse de, aos poucos, ir construindo meu caminho dentro daquela que seria a casa onde construiria meu futuro. Todos os meus irmãos, também apaixonados pela profissão que nosso pai, o escrivão de polícia Luizinho, havia abraçado e de onde tirava o sustento para manter a prole, nutriam o mesmo objetivo. Fomos recebidos de braços abertos, embora os demais tenham se formado em Direito, apenas eu e o Mozart Martins nos tornamos delegados de polícia. A Giza tornou-se escrivã; o Maury, o Marlon e Murilo, agentes de polícia. O sonho de Murilo foi interrompido mais cedo pela fatalidade da profissão, ao ser assassinado num confronto com bandidos, em Anápolis.
A dor da perda transformou-se em forças para que todos seguissem o mister com coragem e determinação. A história de cada um, como fez nosso pai, tinha que ser escrita e assim aconteceu, sem a presença física do Murilo. A Giza e o Maury, que também é piloto de aeronave, já se aposentaram. Só que jamais se desligaram do mundo policial. O Mozart é delegado em Nerópolis e eu, depois de chegar ao posto máximo da Polícia Civil, sendo diretor-geral por duas vezes, continuo na ativa, mas trilhando por outros caminhos. A história, que começou lá atrás, ainda não pode ser fechada porque não está completa, mas se revela vitoriosa até o presente momento.
O destino me reservava ainda uma passagem pelo posto de secretário executivo da Secretaria da Segurança Pública de Goiás e a oportunidade de merecer a confiança do governador Marconi Perillo, de quem me tornei amigo pessoal e a quem devo toda a lealdade como forma de retribuir o tratamento que recebi, sem achar que merecesse tanto. Hoje, na condição de deputado estadual, com assento efetivo naquela Casa Legislativa, vivo mais uma etapa da minha história de vida profissional, iniciada há mais de 40 anos no menino de origem simples que guarda até hoje, orgulhoso, os tempos de office-boy, do leva e traz de papéis que foram abrindo os caminhos para o futuro.
É bom relembrar os tempos vividos na Polícia Civil de Goiás, fonte de grandes e memoráveis amizades e de muitas histórias de luta. Poderia citar aqui uma infinidade de pessoas ao lado das quais passei anos aprendendo a fazer polícia de investigação e combatendo, de forma resoluta, os criminosos. Enfrentei e prendi, junto com as equipes de policiais civis que comandava, grandes quadrilhas. De todas as prisões, as que nos davam as maiores alegrias pelas sensações do dever bem cumprido eram as de sequestradores. Vendo os bandidos algemados e as vítimas em nossas mãos, livres da selvageria, era uma só emoção.
Goiás já foi um oásis de crimes de sequestros e, no comando do Grupo Antissequestro, resolvemos todos os casos, prendendo os sequestradores e libertando as vítimas dos cativeiros com vidas. É como se cada policial tivesse ganhando a liberdade. Os que estiveram nas mãos de sequestradores conhecem bem a sensação de liberdade. Wellington Camargo, irmão da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, vítima do mais longo sequestro da história de Goiás, ficando 94 dias no cativeiro, pode comprovar o que estou dizendo.
Um dia sonhei em retribuir tudo que vivi na Polícia Civil. Sei que é impossível, do tanto que recebi com a conquista de amigos, respeito das pessoas e aprendizado de vida. E foi do resultado da minha história de vida nessa instituição maravilhosa que me tornei deputado estadual. Desta forma, como no dia 9 de maio comemora-se o Dia do Policial Civil, e aproveitando o que a condição de parlamentar me permite, propus uma sessão especial na Assembleia Legislativa como forma de demonstração do meu carinho e apreço por cada um dos policiais civis do nosso Estado. Quero que toda a Polícia Civil tenha a certeza de que pode contar com um deputado estadual digno de sua representação na Assembleia Legislativa.

*Marcos Martins Machado é deputado estadual e delegado de polícia

Fonte: Jornal Diário da Manhã

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