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Insustentável riqueza

Por Cileide Alves
O PIB de Goiás registrou crescimento médio de 4,4% no último trimestre de 2012 contra um pífio 0,5% de evolução da média nacional no período. O Estado liderou a produção industrial em outubro, em comparação com setembro (+ 15,5% contra 0,9% do País); no acumulado do ano (+ 5%); e em 12 meses (+16,7%), segundo dados divulgados sexta-feira pelo IBGE.
A geração de empregos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), desacelerou em setembro, seguindo ritmo nacional, mas ainda é positiva, algo que não ocorre em todos os Estados. A balança comercial goiana também faz bonito: de janeiro a outubro, as exportações ultrapassaram os US$ 6 bilhões e já são 10% maiores que o registrado em todo ano passado.
Indubitavelmente a economia goiana dá fortes sinais de enriquecimento e, consequentemente, imagina-se que a qualidade de vida de sua população também está em ascensão, certo? Errado. O sinal vermelho vem de vários dados, o último deles o indicador Social de Desenvolvimento dos Municípios (ISDM), elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O ISDM expressa o desempenho de uma sociedade, em especial o seu desenvolvimento social. Por este indicador, Goiás registrou crescimento nos itens renda e trabalho, confirmando a tendência dos indicadores econômicos, mas estagnou em habitação, saúde/segurança e educação. Isso é um forte sinal de que Goiás não está distribuindo bem sua riqueza. E mais: que o bom desempenho econômico de hoje está ameaçado devido a estagnação nas áreas sociais.
A infraestrutura continua a reclamar investimentos altíssimos. As obras do aeroporto de Goiânia estão paradas desde 2007. A eterna crise da saúde, que coloca em xeque a ação dos governos federal, estadual e municipal, não deixa dúvida quanto à qualidade desse serviço. Repetitivo seria relembrar os índices de criminalidade.
A educação é outro grande calcanhar de Aquiles em Goiás. A UFG, principal formadora de mão de obra universitária do Estado, escolheu investir em sua expansão, tanto física quanto no número de vagas e de cursos, mas falta a ela agora um projeto de melhoria na qualidade de seu ensino.
A UEG, a segunda maior universidade pública goiana, ainda precisará sobreviver a suas enormes precariedades para conseguir formar profissionais à altura da demanda do mercado. O ensino médio forma alunos com fraco aprendizado de matemática e de português. Com resultados melhores, as escolas particulares pecam por seu excessivo foco no treinamento de alunos para o vestibular.
Mudar esses indicadores sociais é essencial para a solidez da economia goiana. Do contrário, ela perderá fôlego e será ultrapassada por outras economias com mais sensibilidade social. Investir no desenvolvimento social já não é mais só uma questão de humanidade ou de respeito à Constituição, mas de sobrevivência da economia de goiana.

Fonte: Jornal O Popular

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