Esperança de nova vida
Um dos momentos mais tristes para o seio familiar é o momento da perda de um dos seus entes queridos. A tragédia inesperada pode se traduzir também em esperança e recomeço de vida para outros através da solidariedade na oferta de órgãos e tecidos daquele ente que se foi para uma pessoa que luta pela vida. Muitas vítimas fatais podem renascer em outras vidas que aguardam desesperadas por um órgão ou tecido humano para que possam viver.
Mesmo no sofrimento da perda de um ente de forma súbita e traumática, familiares abrem seus corações e autorizam a doação de órgãos e tecidos de suas vítimas, abrindo esperança de novas vidas. A doação, muito mais pelas razões médicas, parece ter se transformado numa conduta de consciência social.
O que não parece ter mudado é a consciência do poder público em geral no sentido de oferecer as condições necessárias para que os transplantes ocorram dentro do temo da intervenção médica e das condições financeiras daqueles que necessitam dos órgãos e tecidos. O jornal O POPULAR trouxe, na edição do último dia 12, uma matéria bem clara sobre o assunto e que tocou no ponto nevrálgico da questão, sob o título ‘Martírio na fila por um órgão”.
O jornal mostrou a realidade enfrentada por crianças que necessitam de um transplante em Goiás. Nenhuma unidade de saúde pediátrica faz a transferência de órgãos ou tecidos para serem transplantados e quando aparece um doador fora do Estado é outro problema. Acontece também com adultos. As famílias, muitas vezes de parcos recursos, têm que providenciar de última hora o traslado do seu ente que aguarda por um transplante para a localidade onde surgiu a esperança de vida.
Além da falta de recursos para bancar a viagem, que deve ser feita via aérea, muitas vezes não há assentos disponíveis nos aviões, transporte mais rápido para se chegar ao destino a tempo de realizar o transplante. Órgãos e tecidos só podem ser transplantados em, no máximo 24 horas, e se houver meios e o suporte necessários na corrida contra o tempo, o final da história será sempre a da certeza de uma nova vida.
Foi exatamente essa situação doentia da saúde que me moveu a propor um projeto de lei que vai colocar luz no caminho daqueles que aguardam por um transplante. Com parecer favorável da relatora, a Deputada Dorinha Seabra, do Tocantins, o projeto de lei está pronto para entrar na pauta da Comissão de Seguridade Social e Família, e irá assegurar gratuidade e prioridade no transporte aéreo, inclusive para a equipe médica.
Outro ponto importante do projeto de cunho humanitário é que alcança também o transporte aéreo de pessoas falecidas em outros estados para as suas localidades de origem. É o mínimo de justiça e respeito que esse projeto de lei busca assegurar dentro da sua proposta.
*João Campos é delegado de Polícia e deputado federal
Fonte: Jornal O Popular